No meu percurso pesssoal travei contato com o antigo monasterio AMO+PAX e todo o "guarda-chuva" de ordens ocidentais e orientais que nosso Mestre Jehel, Sri Swami Sevananda organizou na forma de um sistema unificado. Passei então a reconstruir pessoalmente este sistema para minha prática pessoal, e tive a benção e oportunidade de ser recebido na Sudha Dharma Mandala. Entre as inúmeras tradições que floresceram na Índia moderna, poucas despertam tanta curiosidade entre estudiosos do esoterismo quanto a Sudha Dharma Mandalam — uma ordem espiritual fundada no início do século XX que se apresenta como guardiã do “Dharma Puro”, a sabedoria eterna por trás das religiões. Ao contrário das grandes correntes devocionais do hinduísmo tradicional — como o Vaishnavismo, o Shaivismo ou o Shaktismo —, a Sudha Dharma Mandalam não se estrutura em torno de uma divindade exclusiva nem se limita ao culto ritualístico. Sua proposta é filosófica, ética e iniciática, aproximando-se mais de uma es...
Falar em “hinduísmo” no singular é, de certo modo, uma simplificação. O que chamamos de hinduísmo é, na verdade, um vasto oceano de tradições espirituais, filosóficas e devocionais que floresceram ao longo de milênios no subcontinente indiano. Não se trata de uma religião centralizada, com um único profeta ou um dogma fixo, mas de um conjunto vivo de caminhos que buscam a mesma verdade essencial: compreender a natureza da consciência e libertar o ser humano do ciclo de sofrimento (saṃsāra). Para entender essa complexidade, é útil distinguir dois grandes níveis: as correntes religiosas (sampradāyas) — focadas na devoção e no culto — e as escolas filosóficas (darśanas) — dedicadas à reflexão metafísica e ao conhecimento da realidade última. No plano devocional, o hinduísmo se expressa através de grandes tradições que se organizam em torno de diferentes deidades, compreendidas não como deuses rivais, mas como manifestações do mesmo Absoluto (Brahman). O Vaishnavismo é a corrente dedicada ...