
Assim como uma pequena semente guarda em seu interior todo o potencial de uma frondosa árvore que, um dia, tornar-se-a plenamente majestosa, caso cultivada adequadamente, as sílabas sementes guardam em si todo o potencial de ação de Budha e dos Bodhisatvas a que está conectada. Seguindo a série a respeito de MahaVairocana, o Budha central dos nossos estudos na Escola Shingon, falaremos um pouco sobre a sílaba semente "A", conectada em essência ao Budha. Na KBL (Cabala), as vinte e duas letras hebraicas são as pedras fundamentais utilizadas na construção de todas as dimensões do Universo e do homem em suas porções visíveis e invisíveis. Assim como em outras tradições esotéricas (vias internas) as letras possuem poderes latentes, símbolos da Criação, as sílabas semente (oriundas do alfabeto sânscrito), segundo a visão do Budismo Esotérico, são representações da própria Iluminação. Dentro desta visão é interessante notar a santidade da fala, ou Fala Iluminada, já que muitos idiomas possuem uma origem indo-ariana e, portanto, raízes sendo nutridas na sagrada língua sânscrita!
A sílaba semente de Vairocana é a letra "A" porém, como vimos no post anterior, na Escola Shingon existe uma distinção entre a manifestação de Vairocana na Mandala Garbhadhatu e na Mandala Vajradhatu, associadas ao Mahavairocana Sutra e ao Vajrasekhara Sutra respectivamente. Claro que esta distinção não se restringe ao plano das aparências (da forma) como é o caso da representação iconográfica, símbolo do Mistério do Corpo, mas estende-se à níveis ainda mais profundos. Esta diferenciação segue rumo ao Mistério da Fala, um nível mais sutil, através das sílabas sementes do próprio Budha. É importante lembrar que ambas Mandalas podem ser traçadas de forma iconográfica (figuras dos Budhas e Bodhisatvas) ou através do Mistério da Fala (espécie de negativo da imagem) contendo apenas as sílabas sementes de cada divindade representada.
Na Mandala Garbhadhatu vemos Vairocana (Dainichi Nyorai) representado pela sílaba semente na forma de um "A" curto ou Ämh" (forma mais elaborada assumida pela mesma). Já na Vajradhatu Mandala a sílaba representada é "Vam" ou "Vämh" (forma mais elaborada da mesma). A sílaba "A" curta, forma mais simplificada, é a utilizada como ponto focal da meditação Ajikan. Esta letra bem inscrita sobre um disco de Lua Cheia instalado em um pergaminho de azul profundo, funcionando como ponto de apoio da meditação.
Cada Mandala possui uma característica mais Ativa ou mais Passiva em relação a outra possuindo ainda, dentro de si, a representação desta mesma dualidade através de suas sílabas semente mais elaborada ou mais simplificada, representações de aspectos mais ativos ou passivos de Dainichi Nyorai. Funcionam como sub-elementos pois a Mandala Ativa possui dentro de si tanto a sílaba ativa, formando um conjunto ativo de ativo, quanto a sílaba mais passiva, formando um conjunto passivo de ativo.
Frater AEL (Outono de 2011)
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