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A Igreja Gnóstica e a busca espiritual de Jules Doinel

Jules-Benoît Stanislas Doinel du Val-Michel (8/12/1842 - 16/03/1903), bibliotecário francês, foi o fundador da Igreja Gnóstica, para alguns o re-velador através de seus contatos espirituais com os Bispos Cátaros. Seu acesso a literatura esotérica e ocultista favoreceu sua aproximação com os temas do oculto, manuscritos raros e sobre os cátaros. Travou contato, dentre estes manuscritos, com um específico sobre a perseguição da Igreja Católica contra os cátaros, que descobriu remotar a uma antiga livraria Lyonesa, que havia falido e vendido seu acervo. Aqui Doinel passa a travar contato com as organizações esotéricas como fonte de respostas aos seus questionamentos, chegando finalmente aos círculos espíritas, com crescente popularidade na França. 

Nas sessões das chamadas "mesas rodantes”, encontrou muitas figuras conhecidas do ocultismo e esoterismo, passando a se dedicar ao seu próprio desenvolvimento mediúnico, como fonte de resposta aos seus questioanmentos sobre os cátaros. Em uma dessas sessões, na presença de vários espíritas famosos, se apresentam Sete Entidades espirituais e, uma delas, incorpora em Jules Doinel, bem como as seis demais teriam se materializaram na presença de todos os presentes, como relatam os participantes. Nesta oportunidade Doinel entendeu ter encontrado a resposta que buscava, pois estas entidades se apresentavam como mártires Cátaros, queimados na fogueira da Inquisição. Os espíritos sagram, naquele dia, Jules Doinel como Bispo Gnóstico, Tau Valentin II, desigando-o como o "restaurador da Igreja Gnóstica no mundo" sob o mote: "Deus Meunque Jus" (Deus é o meu Direito).

Doinel institui a Igreja Gnóstica com o apoio de altos Dignitários das Ordens mais respeitadas da França, e que outrora presenciaram o fenômeno, fazendo aliança com Papus, por exemplo, sagrando-o Bispo. Papus em contrapartida, ao sentir a força da iniciação recebida por Doinel, decretou que a Igreja Gnóstica seria a Igreja oficial dos Martinistas, que passou a crescer entre os esotéricos, de várias partes da Europa e do mundo. Para dimensionarmos os fatos, a "Nova revelação" chamou atenção suficiente da Igreja Católica a ponto desta emitir uma encíclica condenando a “nova manifestação da heresia Cátara”. 

Doinel, ex-católico fervoroso, se viu em uma encruzilhada com a expansão da Igreja, arrependendo-se da nova Igreja, renunciando ao Patriarcado e nomeando Jean Bricaud em seu lugar. De volta ao catolicismo busca um reconhecimento no seio da igreja comos acerdote, sem sucesso. Bricaud tornou-se responsável pela consolidação da Igreja como organização inciática, bem como dotada da sucessão apostólica da Igreja Sírio-Jacobita, que havia recebido. A nova Igreja tornou-se portanto Gnóstica, Cátara de inspiração e Apostólica por direito, fato que gerou arrependimento em Doinel, que pede seu retorno à Bricaud, sob os auspícios do Sínodo. Não poderia ser realocado como Patriarca como desejava, mas poderia reassumir sua posição como Bispo, um fato inédito até o episódio do Papa Emérito Bento XVI, na Igreja Católica. 

Jules Doinel, que portou a medalha de Abraxas até seu leito de morte, teve de conviver com a culpa, o arrependimento e as excentricidades de ter renunciado ao Patriarcado. Afirmam alguns que, na hora da morte, agradeceu aos Mártires Cátaros, exalou uma névoa branca que tomou o aposento, e ressurgiu em forma etérica, em pé, portndo a Coroa e o Cetro do Patriarcado, rodeado dos Anciãos que o escoltavam aos Planos Superiores, cumprindo sua missão.

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