O Martinismo é conhecido como um movimento europeu que segue a corrente do cristianismo esotérico, incorporando aspectos da místicas judaica e operando através de instrumentos como a prece, a oração e a contemplação. Tanto no passado quanto na atualidade muitos são os autores que discordam na diferenciação do Martinismo dos demais movimentos surgidos naquele recorte histórico em que o mesmo teve origem, como é o caso do Wilermornizmo, carregado do aspecto maçônico/templário e do Martinezismo com forte tendência a teurgia ou magia operativa.
Em sua origem não era contido em uma instituição, não possuía hierarquias ou graus, não possuía ritos determinados mas, pelo contrário, era uma corrente de pensamento livre, que agrupava homens e mulheres desejosos de auto-conhecimento e que estavam dispostos a empreender a jornada de retorno à “Casa do Pai”. Estes personagens reuniam-se em sarais carregados de beleza e certa informalidade, muito diferente dos cenários das instituições iniciaticas formais, para juntos lerem, exporem idéias, e essencialmente colocar em prática a Sabedoria. Individualmente comprometiam-se com o trabalho silencioso e solitário da oração e prece, não só em benefício próprio mas em nome de toda a humanidade a que estamos todos conectados.
Tomar conhecimento deste movimento, muito discreto, despojado de nomes, títulos ou formalidades, ou mesmo tornar-se parte do mesmo era receber uma poderosa influência espiritual que lhe conectava com uma Cadeia Astral de trabalho espiritual humanitário e dispor-se a tornar-se mais um silencioso agente da Luz que atua no indivíduo e através do indivíduo. O rito: imposição de mãos, conectando inciado à iniciador em uma longa corrente. Assim o buscador torna-se um Servidor desconhecido, para os reconhecimentos temporais, da Obra. Não haviam grandes conglomerados de Servidores e, ao contrário, o trabalho mais árduo se dava na solidão aparente, acompanhado dos Mestres Passados, do Bom Amigo e sob o nome do Restaurador dos Mundos. Uma prática mística aparentemente simples e eficaz no descortinar dos mistérios do Homem e do Universo.
Com o transcorrer da história o Martinismo, nascido da inconformidade ante a “burocracia” ritual das Ordens instituídas retornou, por necessidades históricas, ao confinamento do Templo, à hierarquização, à papeis e etc. Tornou-se popular a prática através deste modelo institucionalizado que permaneceu eficiente enquanto fiel à motivação original de simplicidade, pureza e contemplação.
Atualmente muitos são os martinistas que afirma ser o Martinismo uma Ordem, afirmativa esta que tornou-se origem de discórdias e tradicionais “não-reconhecimentos” típicos da necessidade de exclusividade e monopólio sobre a Sabedoria, em verdade jamais passível de contenção.
Poucos restaram que, ao modelo primitivo de silêncio externo e interno típicos do movimento Martinista, se fixam em pequenas comunidades à parte de uma realidade administrativamente instituída, membros de uma Corrente Astral que não pode ser resumida a um registro profano ou em títulos que tentam inutilmente limitar a ilimitada influência desta tradição espiritual. Suas posses são a oração e a prece, seus títulos são de “Irmãos/Irmãs” ou “Servidos Incógnitos”, seus reconhecimentos se dão por coração, através da sinceridade de trabalho, e espiritual pela filiação aos Mestres Passados em uma corrente ininterrupta e independente das pequenezas humanas.
+ LLL
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