Por Ischaia, Matriarca
da Igreja Expectante
Thoth sempre iniciava
suas Instruções a partir da lembrança de um fato, pois dizia que tudo que
escrevia era fruto de algo vivido. Não sei se pela
convivência de quase 34 anos, ou se pela minha formação de professora de sala
especial, depois pedagoga e finalmente psicopedagoga, também gosto de contar
“histórias” de algo que vivenciei. Thoth estava sentado no
seu lugarzinho, no trailer, escrevendo, quando cheguei com um envelope grande
(antes da era dos e-mails era assim, tudo via postal) e entreguei a ele, ao que
me disse:
- Pode abrir e veja de
que se trata.
Era uma longa carta e várias cópias de
documentos referentes às Ordens que o proponente a Sacerdote enviou, a título
de demonstrar sua longa caminhada. Após abrir a
correspondência, comentei:
- Thoth, esse senhor deve
ser uma pessoa muito espiritualizada!
Thoth sorriu daquele jeito compreensivo e
paternal, como quando me “pegava” em atitude imatura ou entusiasmada em
excesso. Era um sorriso um pouco de lado, acompanhado de um olhar sorridente,
como a dizer:
- Você ainda é uma
criança na Via...
Pegou a papelada, leu, releu e me disse:
- Pode guardar na pasta
das correspondências que amanhã eu respondo.
No outro dia, pediu-me a
pasta e disse:
- Ischaïa, quando pedimos
às pessoas para enviarem suas filiações não quer dizer que por ser filiado aqui
ou ali o candidato terá mais credibilidade. Se ele não me aparecer com a alva
túnica da humildade e pureza, sem ter sobre si uma carga enorme de conhecimentos,
títulos e cargos, e se eu lhe perguntar o que faz com tudo isso e em que tudo
isso o fez melhor, e se ele não responder com atos eu diria: Jesus escolheu
seus Discípulos entre os humildes e os mais simples que o rodeavam. Não
procurou nenhum doutor da lei revestido de ouro e púrpura. Precisamos de
pessoas que se disponham e se proponham. Pessoas que, enamoradas da Obra,
possam se dedicar à missão que escolheram. Todo conhecimento é muito bem-vindo,
pois o nosso maior tesouro é o conhecimento aplicado e difundido, já que a luz
não deve ficar sob o alqueire. Mas, cuidado! A vaidade e
a presunção podem nos empurrar para o abismo.
Você sabe quantas filiações eu tenho?
Você sabe quantas filiações eu tenho?
Respondi:
- Não.
Então, se tivesse uma
pasta maior que essa seria diferente?
- Não.
Ao que continuou:
- Sim, porque eu uso e
ponho em prática o que aprendi. Do contrário, seria como uma biblioteca
fechada...
- Entendi...
Hoje, 35 anos depois, entendi a profundidade
das palavras que guardei no coração. Nossas patentes estão guardadas, e não
sinto vontade de vê-las expostas como revistas em bancas.
Terça-feira, dia de
Marte, 09/07/2013.
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Gentilmente cedido pela querida Matriarca o qual agradecemos!
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