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Dissecação ou veneração aos Mestres? - Dr. JEHEL, S∴I∴


O título deste artigo pode parecer, e é até certo ponto, algo brutal. Porém, ainda mais lamentável é, mais brutal talvez, a triste realidade a que aludimos.  Dia a dia, se nos dipusermos por alguns momentos a prestar atenção, verificaremos que muitas pessoas das escolas mais diversas, pretendem ter compreendido as obras de certos Mestres ou estar em contato com eles, ou ser seus discípulos, de forma direta ou por seguir a respectiva escola iniciática que os estes dirigem.

Em realidade, se observa que uma quantidade destas mesmas pessoas dissecam as obras dos referidos Mestres com o espírito de crítica aguda e muitas vezes maligna ou, pretensiosamente, apontam erros que as obras ou atitudes dos ditos Mestres lhes parece conter.

Em primeiro lugar, desde o ponto de vista simplesmente lógico, tal atitude não é consequente, já que um Mestre, se o é, em qualquer altura que se queira considerar, está forçoasamente APTO, quer dizer "PREPARADO", para sua missão e, por outro lado, "dentro dela" é perfeito. Em outras palavras, representa a perfeição RELATIVA, uma perfeição característica de certo estado de evolução, de certa função, e todos aqueles que precisam todavia d'AQUELE MESTRE são, realmente, inferiores a ELE, se não em ESSENCIA, o que não é possível, ao menos e claramente em CONSCIÊNCIA.

Portanto, suas críticas se dirigem à um "objeto", filosoficamente falando, que não pode analisar realmente e, por isso mesmo, são vãs e levianas.

Sob outros aspectos mais graves, isso é, nos aspectos MORAIS e VITAIS da questão; e sabemos que a Moral e a Vida são, até certo ponto, a mesma coisa, pertencem ao mesmo plano; como podem semelhantes pessoas pensar que seja dado receber os ensinamentos destes Mestres, acaso se tratem de Mestres Instrutores, encarnados e presentes em corpo físico, próximos de nós, ou coisa mais impossível todavia, merecer a Presença dos veneráveis Mestres que se manifestam do Invisível; como podem crer que seja possível, se ignoram a CONDIÇÃO ESSENCIAL, que é criar um LAÇO entre o Mestre e eles? E este laço, o que pode constitui-lo? Somente a Veneração, o Respeito, o Amor. Porém um Amor tão real, tão vivo, que seja uma projeção de todos os nossos pensamentos e desejos mais elevados direcionados ao Instrutor ou Mestre (Guru); que seja em respeito total à Função que exerce em relação a nós.   

Se queremos dividir o problema para fazê-lo mais claro, teremos, de maneira geral, duas séries de Seres que nos ajudam em nosso Caminho de Evolução; os Menores, ou seja, os Instrutores, homens que sabem mais ou são melhores que nós em muitos aspectos, o que não significa que sejam perfeitos, porém, quer dizer, que realizaram algo que nós também aspiramos realizar, que sabem algo que ignoramos. De que pode resultar, em tais Instrutores, o verdadeiro interesse dos Discípulos? Somente podem nascer quando o instrutor verifique que o discípulo (chela) tem preocupação real de Saber para Servir, isto é, um interesse INTELECTUAL, uma ânsia ESPIRITUAL de Saber mais e melhor, para compreender realmente o Sentido da Vida e o Caminho que leva à realização verdadeira; e o interesse Moral, ou seja, a pureza de intenção. Porém o Instrutor NÃO PODE CRER em tais reais intenções, se verifica que o discípulo, que pretende ser idealista e altruísta, conserva ou cultiva diariamente o espírito de crítica malevolente, a falta de respeito por coisas elevadas, ou por Aqueles que as transmitem e que para isso fazem Sacrifícios que são evidentes para todo discípulo que queira observar com Amor ao Instrutor.

Se consideramos agora o caso, não dos Instrutores Menores, mas dos VENERÁVEIS MESTRES, daqueles que à DISTANCIA, veem em nossa aura todos os atos e pensamentos que tivemos desde "a última vez que nos viram" - digamos assim para simplificar o problemas - é fácil dar-se conta de que, se podemos enganarmo-nos, Eles não se enganam sobre o progresso que podemos realizar ou não, e sobre a REALIDADE de nossas boas ações. E, apesar da bondade que sempre e necessariamente caracteriza o Mestre, Eles não podem transgredir as LEIS UNIVERSAIS e, portanto, não podem corrigir em nós MAIS VERDADE, MAIS BELEZA, MAIS ELEVAÇÃO, MAIS REALIDADE, do que nós buscamos e merecemos; em uma palavra, nada mais do que nós nos CONDICIONEMOS a receber.

Por isso, para caminhar firmemente no Caminho da Iniciação é preciso este respeito, esse sentimento VENERÁVEL pelos ensinamentos, por Aqueles que os explicam, os comentem e os transmitem em sua parte elemental (Instrutores), e ainda mais por AQUELES QUE AS VIVEM INTEGRALMENTE, que SÃO o próprio Ensinamentos VIVOS na humanidade: OS VENERAVEIS MESTRES.

Amor e Reverência aos Ideais e aos Mestres que os Representam, são, pois, o Marco do Caminho para aquele que segue o SENDEIRO INICIÁTICO.

Dr. JEHEL, S∴I∴ 

Traduzido por renanlescanoromao@gmail.com da Revista "La Iniciación" Nº1 - Ano I - Maio de 1942 - Montevideo, Uruguai. Obs: estilo de escrita mantido como à época.

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