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Harvey Spencer Lewis (Sār Alden) por Erik Sablé

Harvey Spencer Lewis nasceu em 25 de Novembro de 1883 em Frenchtown, New Jersey, Estados Unidos da América, mas passou uma boa parte de sua juventude em Nova York. Sua mãe era professora e o pai era calígrafo. Lewis recebeu uma educação Protestante, coisa comum na cultura americana, e se filiou a uma igreja Metodista a qual permaneceu sempre fiel. Aos 20 anos de idade trabalhava como jornalista no Evening Herald, no qual se ocupava da parte artística. Depois foi fotógrafo e ilustrador, antes de descobrir sua veia na publicidade. Segundo o testemunho de seu filho, Ralph M. Lewis, ele possuía múltiplos dons para o desenho, pintura, música e se apaixonou bem cedo por línguas estrangeiras, com destaques para o Esperanto e o Ido. Paralelamente começou a estudar o Ocultismo. Com a ajuda do jornal Evening Herald, tornou-se, em 1904, um dos fundadores e o presidente do New York Institute for Psychical Research. Foi neste momento que nasceu o seu interesse pelo movimento Rosacruciano, primeiro por meio de uma comunidade de Pietistas alemães instalados na cidade de Germantown, Pensilvânia desde 1694. Esta comunidade Pietista foi fundada por um certo Johannes Kelpius (1673-1708) que teria herdado um antigo manuscrito Rosacruciano e o teria usado como base de uma regra de vida. Este manuscrito na verdade estava em uma versão dos “Símbolos Secretos dos Rosacruzes dos Séculos XVI e XVII” (1786-1788), como mostrou Julius Friedrich Sachse em “The German Pietists of Pennsylvania” (1895). Ocorre que Spencer Lewis pensava que descendia dessa comunidade que havia desaparecido desde 1801 por um dos seus parentes, e ele se sentiu chamado a fazer reviver o movimento Rosacruciano. Portanto, criou dentro do Instituto que ele presidia a Rosicrucian Research Society e, ainda em 1909, ele teria entrado em contato com o redator-chefe de um jornal parisiense para interrogá-lo sobre possíveis grupos sobreviventes rosacruzes na França. Foi-lhe respondido com o endereço de um professor de línguas que vendia gravuras e fotografias na Boulevard Saint-Germain. Na seqüência desta troca de cartas, ele embarcou com o pai a bordo do navio América. O professor de línguas o enviou a Montpellier e, de lá, ele foi para Toulouse, na França. Foi no torreão do Capitólio que Lewis teria encontrado o secretário dos rosacruzes (aliás, arquivista da cidade) trajado com um vestido branco bordado de símbolos, apressado no meio dos arquivos da Ordem em um cômodo repleto de livros. Ele lhe disse que havia sido eleito após um exame do seu tema astrológico (mapa astral). Deu-lhe uma carta de recomendação e lhe mostrou documentos antiqüíssimos. De lá, foi para um templo rosacruciano situado perto das ruínas da antiga Tolosa, onde teria recebido uma importante iniciação que o integrava à Ordem Rosacruz. Depois, teria assistido em um mosteiro rosacruciano às margens da Garonne, ao “conclave dos Illuminatis”. E cita alguns nomes: o de Bellcastle-Ligne, o secretário, e de Verdier, o Grão-Comendador. Muitos se interrogam sobre essa “iniciação”. Pesquisas foram feitas para tentar encontrar traços desses misteriosos rosacruzes. Serge Caillet soube o nome do arquivista da época, um certo François Galabert. Mas a seqüência da sua investigação lhe deu prova de que não teria podido, de modo algum, conservar arquivos rosacrucianos privados ao lado dos arquivos públicos da cidade em que era funcionário público. Paralelamente, todos os nomes dados se revelaram falsas pistas. Nem Verdier, nem Bellcastle correspondiam a personagens que tivessem existido. E muitas incoerências foram reveladas nesse relato. Segundo toda verossimilhança, essa “iniciação” foi, portanto, puramente imaginária. Então, impõe-se a pergunta: “Quais foram as fontes reais do fundador da A.M.O.R.C.? Quais foram as bases doutrinais e rituais sobre as quais ele se apoiou?”. Para responder a essa pergunta, podemos primeiramente observar que os nove primeiros graus da A.M.O.R.C. são muito semelhantes aos graus da S.R.I.A., etc. E, Gérard Galtier desenvolve a hipótese interessante de uma total influência desta última organização. Pois Spencer Lewis conhecia realmente o trabalho de Sylvester Clark Gould, o dirigente da S.R.I.A. norte-americana, já que fala dele na sua “História da Ordem Rosacruz”. Lewis chega a mencionar que “empreendeu um trabalho de pesquisa para encontrar os rituais de origem da Fraternidade”. De fato, Gould tinha a intenção de ir à Europa em 1909 em busca desses ensinos que lhe faltavam. Porém, morreu em 19 de Julho. Ocorre que foi precisamente em 24 de Julho que Spencer Lewis saiu dos Estados Unidos para ir à França, como que para realizar o projeto de Gould. Mas, em compensação, é certo que ele se correspondeu com Theodor Reuss, o dirigente da Ordo Templi Orientis, e que recebeu dele uma Carta provando que fora admitido ao sétimo grau da Ordem. Tornou-se, aliás, o representante da O.T.O. nos Estados Unidos da América. De qualquer modo, a A.M.O.R.C. foi fundada em 1915 em Nova York com a benção. 

Tradução: Frater AEL∴  S∴I∵   R+▵▿ 🕀    ⁜   ℵ

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